quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A magia do teatro



No dia 21 de fevereiro tivemos o prazer de ter na escola sede do agrupamento Figueira Norte o ator António Fonseca que nos presentou com uma dramatização de extratos da obra Os Lusíadas.
O espetáculo constituiu um mergulho no universo mágico da grande obra épica da literatura portuguesa, abordada de uma forma coloquial, em que se misturaram sabiamente a declamação de episódios e extratos significativos com comentários que não só acionavam a atualização da obra como promoviam a interação com o público – os nossos jovens alunos.
“Eu quero fazer uma atualização d’ Os Lusíadas, não a sua arqueologia», afirmou António Fonseca. «Quero contá-la neste tempo, porque as grandes histórias fazem sentido, inquietam, fazem rir e chorar, não só na altura em que são escritas como mil anos depois.»
A iniciativa, promovida pelos professores de Português, proporcionou um momento único a cerca de duzentos alunos do 9º e 12º anos. Assim, o espetáculo ocorreu em dois momentos distintos: de manhã, uma versão destinada aos alunos do 12º ano, que têm vindo a estudar Os Lusíadas,  e à tarde a versão para os alunos do 9º ano (que irão começar o seu estudo dentro em breve).  
Durante cerca de três horas, António Fonseca declamou, de memória, extratos de Os Lusíadas, comentando passagens, explicitando partes para os alunos, que ouviram em silêncio a declamação, apenas interrompida pelos risos provocados pelos comentários do ator. Foi efetivamente surpreendente a atenção com que os alunos bebiam as palavras do ator, numa atitude de expetativa e descoberta renovadas. Como é que António Fonseca conseguiu cativá-los? O próprio afirma que “Como ator, quero que as pessoas se riam, se emocionem e, eventualmente, se inquietem”. O ator procurou (e conseguiu…) maravilhar os alunos, e despertar ou renovar a curiosidade pelo texto de Camões, numa abordagem diferente mas simultaneamente complementar do trabalho desenvolvido pelos professores.
"Há mais de dois anos sonhei dizer Os Lusíadas de cor. A ideia foi-se-me impondo. (...) Comecei verso por verso, estrofe por estrofe, episódio por episódio, canto por canto. Foi-se-me revelando uma grande estória da vida, uma grande estória da condição de ser humano, uma metáfora enorme da nossa condição de seres históricos, em qualquer sítio, em qualquer contexto cultural, em qualquer tempo", diz no seu blogue, onde explica por que se decidiu pegar na obra-prima de Luís Vaz de Camões.
Talvez porque a obra seja recriada não só de memória mas, sobretudo, com o coração, a atuação de António Fonseca foi perfeita e este constituiu um momento que, certamente, perdurará na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de a ela assistir.

A coordenadora do Departamento de Línguas,
Isilda Marques

                                                                                                                                                             



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