No dia 21 de fevereiro tivemos o prazer de ter na
escola sede do agrupamento Figueira Norte o ator António Fonseca que nos
presentou com uma dramatização de extratos da obra Os Lusíadas.
O espetáculo constituiu um mergulho no universo mágico
da grande obra épica da literatura portuguesa, abordada de uma forma coloquial,
em que se misturaram sabiamente a declamação de episódios e extratos
significativos com comentários que não só acionavam a atualização da obra como
promoviam a interação com o público – os nossos jovens alunos.
“Eu quero
fazer uma atualização d’ Os Lusíadas,
não a sua arqueologia», afirmou António Fonseca. «Quero contá-la neste tempo,
porque as grandes histórias fazem sentido, inquietam, fazem rir e chorar, não
só na altura em que são escritas como mil anos depois.»
A
iniciativa, promovida pelos professores de Português, proporcionou um momento
único a cerca de duzentos alunos do 9º e 12º anos. Assim, o
espetáculo ocorreu em dois momentos distintos: de manhã, uma versão destinada
aos alunos do 12º ano, que têm vindo a estudar Os Lusíadas, e à tarde a
versão para os alunos do 9º ano (que irão começar o seu estudo dentro em breve).
Durante
cerca de três horas, António Fonseca declamou, de memória, extratos de Os Lusíadas, comentando passagens,
explicitando partes para os alunos, que ouviram em silêncio a declamação, apenas
interrompida pelos risos provocados pelos comentários do ator. Foi efetivamente
surpreendente a atenção com que os alunos bebiam as palavras do ator, numa
atitude de expetativa e descoberta renovadas. Como é que António Fonseca
conseguiu cativá-los? O próprio afirma que “Como
ator, quero que as pessoas se riam, se emocionem e, eventualmente, se inquietem”.
O ator procurou (e conseguiu…) maravilhar os alunos, e despertar
ou renovar a curiosidade pelo texto de Camões, numa abordagem diferente mas
simultaneamente complementar do trabalho desenvolvido pelos professores.
"Há
mais de dois anos sonhei dizer Os
Lusíadas de cor. A ideia foi-se-me impondo. (...) Comecei verso por verso,
estrofe por estrofe, episódio por episódio, canto por canto. Foi-se-me
revelando uma grande estória da vida, uma grande estória da condição de ser
humano, uma metáfora enorme da nossa condição de seres históricos, em qualquer
sítio, em qualquer contexto cultural, em qualquer tempo", diz no seu
blogue, onde explica por que se decidiu pegar na obra-prima de Luís Vaz de
Camões.
Talvez
porque a obra seja recriada não só de memória mas, sobretudo, com o
coração, a atuação de António Fonseca foi perfeita e este constituiu um momento
que, certamente, perdurará na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio
de a ela assistir.
A
coordenadora do Departamento de Línguas,
Isilda
Marques
Sem comentários:
Enviar um comentário