Há muitos, muitos anos, num castelo
sombrio, tapado pela densa floresta, vivia Tristão do Ó. Era um jovem bonito,
moreno de olhos pretos como azeitonas, mas muito triste e solitário. Apesar da
enorme riqueza que possuía, não tinha a maior das riquezas, a liberdade.
Tristão do Ó vivia com a mãe, uma
senhora, também ela sem liberdade, angustiada pela solidão daquele castelo, e
com o pai, rude e austero, possuidor de um coração de pedra. Tristão do Ó nunca
tinha saído do castelo: nunca tinha visto a fonte dos afetos nem bebido da sua
água mágica; nunca tinha contemplado os campos verdejantes que ficavam para
além da floresta; não conhecia flores nem árvores de fruto, apenas conhecia a
fruta que diariamente lhe chegava ao castelo, trazida por uma bela jovem
camponesa de nome Sóldia, que Tristão do Ó também desconhecia. Sóldia era
linda, tinha uns longos cabelos loiros como raios de sol, olhos azuis que
pareciam o mar. Todos os camponeses gostavam muito dela, pela sua humildade,
pela sua bondade, e por ser muito trabalhadora. Tinha sempre um sorriso nos
lábios e quando corria pelos campos para apanhar fruta, parecia uma borboleta
livre e feliz. Era uma linda
manhã de verão. O sol brilhava mais do que nunca, os raios atravessavam a
floresta à volta do castelo e entre eles passava Sóldia. Ia levar ao castelo
uns frescos morangos vermelhos como os seus lábios e aproveitava para beber
água fresca da fonte dos afetos, nas imediações do castelo. Sóldia entrou no
enorme portão de madeira, caminhou em direção à cozinha para entregar os frutos,
porém não chegou lá. Nesse dia chamou-lhe a atenção uma senhora muito triste que
estava sentada num banco de pedra do jardim árido e seco. Sóldia nunca a tinha
visto antes. Apenas conhecia os criados do castelo. Soube que era a mãe do
jovem Tristão do Ó. A beleza de Sóldia não passou despercebida ao olhar da
triste senhora que, prontamente, a convidou a sentar-se. Ficaram a conversar
durante toda a manhã ao som da água que caia na fonte. A triste mãe não podia
adivinhar que a solução para todos os seus problemas estava mesmo do outro lado
do muro alto e Sóldia também não.
Como estava um dia de calor
abrasador, a mãe de Tristão do Ó e Sóldia encolhiam-se na escassa proteção de
uma parede. Nesse momento apareceu Tristão do Ó, vestido com um traje preto e
gasto, morrendo por um pouco de sombra. Ao olhar para o triste rapaz, Sóldia
encolheu-se e cedeu-lhe um bocadinho de banco e ofereceu-lhe um gole de água.
Os dois jovens trocaram um doce
olhar, no momento em que os raios de sol e o perfume do campo invadiam o espaço
e o transformavam num luxuriante jardim. Tudo à sua volta brotava vida e
alegria. Por magia, por amores ou pela água, Tristão do Ó sorriu pela primeira
vez e a partir dai tudo mudou. Tinha nascido nesse dia uma grande paixão entre
os dois jovens.
Trabalho coletivo da turma do 7º A na disciplina de Educação para a Cidadania.
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