sexta-feira, 1 de abril de 2011

MEMÓRIAS

(a partir das palavras: céu; escuro; furioso; nau)

Era de noite, mas o céu brilhava. A ténue luz da lua atravessava a parede envidraçada da sala e batia no sofá. Estava a ver televisão com o meu pai; o Jornal da Noite parecia nunca mais acabar. Ele bebia goles nervosos da lata de cerveja que estava em cima da mesa de apoio. A ideia de viver com ele, outrora, teria sido assustadora, mas já me habituara. A minha irmã dormia no berço sem imaginar os perigos do Mundo. Pura inocência. O silêncio naquela sala de estar era, no mínimo, constrangedor.
Olhei pela janela e, ao fundo, a lua cheia fazia a água escura do mar brilhar; em resposta, a areia estava branca. A natureza era realmente exuberante.
Abandonei aquele silêncio furioso em direcção à praia. Sentei-me na areia junto à água. As ondas rebentavam suavemente. Lembrei-me do Verão. Lembrei-me de quando ia com a minha mãe à praia, teria uns 4 anos, e nos sentávamos juntas na areia, onde ela me contava histórias magníficas sobre naus e cargueiros, barcos à vela e caravelas. Havia sempre uma história nova, com emoção e aventura.
Não notei que as lágrimas me escorriam pela cara ao lembrar-me daquelas memórias. Suspirei. MÃE.
 A pessoa mais importante das nossas vidas. E a pessoa que eu já não tinha.
Voltei para dentro, sentei-me ao colo do meu pai e adormeci, como se jamais alguma memória se tivesse apoderado de mim.

Aluna: Cláudia Cristina De Melo Branco

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