Não
é tarefa fácil escolher, de entre um tão vasto conjunto de palavras, a mais
importante ou aquela que faria mais falta se deixasse de existir e, portanto,
optei por aquela palavra que, certamente, ninguém escolheu – a palavra
“palavra”. Ela mesma, aquela que, sendo uma palavra, é também a que representa
o conjunto de todas as outras, aquela que vai correndo, quase impercetível, mas
cuja ausência poria em risco toda a linguagem humana.
Uns
têm o dom da palavra, outros são gente de palavra, uns cumprem a sua e outros
não têm sequer direito a ela. Seja como for, todo e qualquer homem faz uso dela
quando escreve, quando lê e até mesmo quando pensa.
Na
ausência da palavra, como me teria sido solicitada esta tarefa de escrever?
Como teria eu pensado no que escrever? Como teria escrito? E como poderia
alguém ler o que escrevi? Sem a palavra, como se relacionariam as pessoas? Como
seria feita a mudança? A evolução? Como nos amávamos se não pudéssemos pensar
no amor? Ou como odiávamos se não reflectíssemos sobre o ódio?
Se
não existisse a palavra, não havia o pensamento e, se não houvesse o
pensamento, não havia mais nada e, se não houvesse mais nada, não havia mais
nada. E o mundo era só isso – nada.
A
“palavra” é o centro de tudo. Afinal, que diríamos nós sobre as palavras se não
soubéssemos que eram palavras? Nada, rigorosamente nada. E, se pensarmos,
“nada” também é uma palavra e, por isso, nada feito.
De
entre todas as palavras, que nunca esqueçamos aquela que lhes dá o nome, a
“palavra”, porque, se a esquecermos, esquecemos tudo o resto.
Ponto
final.
Laura
Cabete 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário