Nenhum dia é um dia se é só para ti
e ainda que seja para todos
Ninguém o prende porque não é compacto
nem está preso a uma coluna ou a um poste
O dia passa e nós não vemos o seu espelho de cinzas
mas dele vai ficando o que não fica
Um dia nunca é o teu dia nem o dia que se segue
a outro dia e que por outro dia será seguido
O tempo caminha para si mesmo num círculo perene
e todas as suas consequências formam o zero absoluto
Ele é a eternidade no seu espaço de ausência
e a finitude de cada momento num entrançado indiscernível
ao qual ninguém pode arrancar um pedaço de tempo
É vão nós numerarmos
as horas e os minutos
porque o tempo flui alheio às nossas vidas
com a sua roda abstrata em torno de si mesmo
Nós estamos assim presos nesta armadilha metafísica
que sobreviverá eternamente como se nada se passasse
na sua armação monótona e incessante
ROSA,
António Ramos, 2001. Deambulações
Oblíquas. Lisboa: Quetzal.
António
Ramos Rosa morreu a 23 de setembro de 2013.
A propósito
do Tempo e de Ricardo Reis, o heterónimo de Fernando Pessoa que acreditava que
o destino está traçado logo que nascemos, a Patrícia Paredes, do 12º E, escreveu esta breve reflexão sobre o
Tempo.
Qual o
objetivo de fazermos planos para uma vida inteira, se o Destino já está
traçado? E quem nos garante que tentar mudar o Destino não é também uma manobra
do Destino?
Na minha
opinião, e apesar de ainda ser nova e de ainda não ter vivido muito, deve-se
aproveitar a vida. Deve-se também ter objetivos. Mas não se deve depender deles
para se ser feliz. Nós devemos ser moderadamente ambiciosos, nada de extremos,
nem de ganâncias. Basicamente, devemos lutar por algo melhor, mas devemos
apreciar e agradecer o que já temos.
A vida não
para nem espera por nós, daí termos de aproveitar o que de melhor existe nela,
enquanto podemos, porque, no final, o único arrependimento que devemos ter é
das coisas que nunca chegámos a tentar.
Enviado pela Professora Silvéria Ramos
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