Podia falar
de Jorge de Sena, ou de Alexandre O’Neill, ou até mesmo de António Ramos Rosa,
mas, de facto, nenhum poeta do século XX (ou de qualquer século) é tão
majestoso como Fernando Pessoa. Se há algo de que me orgulho em Portugal é de
termos tido um homem assim tão genial a andar pelas ruas de Lisboa e a
frequentar o seu café preferido.
O rigor de
cada palavra e a profundidade de cada significado em todos os versos mostra o
grande homem por trás de cada poema.
Porque, de
facto, “tudo vale a pena se a alma não é pequena” e para ler a poesia de
Fernando Pessoa é preciso uma grande alma.
INTERVALO
Quem te
disse ao ouvido esse segredo
Que raras
deusas têm escutado —
Aquele amor
cheio de crença e medo
Que é
verdadeiro só se é segredado?...
Quem to
disse tão cedo?
Não fui eu,
que te não ousei dizê-lo.
Não foi um
outro, porque o não sabia.
Mas quem
roçou da testa teu cabelo
E te disse
ao ouvido o que sentia?
Seria
alguém, seria?
Ou foi só
que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só
qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs
dito, porque o não direi,
Que o supôs
feito, porque o só fingi
Em sonhos
que nem sei?
Seja o que
for, quem foi que levemente,
A teu ouvido
vagamente atento,
Te falou
desse amor em mim presente
Mas que não
passa do meu pensamento
Que anseia e
que não sente?
Foi um
desejo que, sem corpo ou boca,
A teus
ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase
eterna, imerecida e louca —
A que as
deusas esperam da ledice
Com que o
Olimpo se apouca.
Cláudia
Esteves, 11º E
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