quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Poetas do século XX - Trabalho de Alunos de Literatura Portuguesa


 

Podia falar de Jorge de Sena, ou de Alexandre O’Neill, ou até mesmo de António Ramos Rosa, mas, de facto, nenhum poeta do século XX (ou de qualquer século) é tão majestoso como Fernando Pessoa. Se há algo de que me orgulho em Portugal é de termos tido um homem assim tão genial a andar pelas ruas de Lisboa e a frequentar o seu café preferido.

O rigor de cada palavra e a profundidade de cada significado em todos os versos mostra o grande homem por trás de cada poema.

Porque, de facto, “tudo vale a pena se a alma não é pequena” e para ler a poesia de Fernando Pessoa é preciso uma grande alma.

INTERVALO

Quem te disse ao ouvido esse segredo

Que raras deusas têm escutado —

Aquele amor cheio de crença e medo

Que é verdadeiro só se é segredado?...

Quem to disse tão cedo?

 

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.

Não foi um outro, porque o não sabia.

Mas quem roçou da testa teu cabelo

E te disse ao ouvido o que sentia?

Seria alguém, seria?

 

Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?

Foi só qualquer ciúme meu de ti

Que o supôs dito, porque o não direi,

Que o supôs feito, porque o só fingi

Em sonhos que nem sei?

 

Seja o que for, quem foi que levemente,

A teu ouvido vagamente atento,

Te falou desse amor em mim presente

Mas que não passa do meu pensamento

Que anseia e que não sente?

 

Foi um desejo que, sem corpo ou boca,

A teus ouvidos de eu sonhar-te disse

A frase eterna, imerecida e louca —

A que as deusas esperam da ledice

Com que o Olimpo se apouca.

 

Cláudia Esteves, 11º E

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