segunda-feira, 14 de maio de 2012

Carta de um Fidalgo

Figueira da Foz, 1 de maio de 2012

Caro Fidalgo, bom dia!
É curioso escrever-te hoje, dia do trabalhador. Claro que este dia nada simbolizará para pessoas como tu. Talvez tenhas agora tempo para pensares na importância de respeitar quem trabalha e sempre te serviu fielmente.
Presumo que ainda não saibas, mas assisti ao teu ‘julgamento’ no dia do juízo final. Não fiquei, todavia, surpreendida com o que soube. Afinal, era do conhecimento público que vivias uma vida de prazeres sem pensares uma única vez naqueles infelizes a quem, a pouco e pouco, tornavas a miserável vida ainda mais miserável! Como é que não tiveste a humildade de o reconheceres e de mostrares arrependimento?!
Durante o ‘julgamento’ apenas mostraste o que sempre fora tão característico na tua pessoa, ao longo de toda a vida: presunção, vaidade, arrogância e teimosia!
Julgavas que ser nobre e possuir “sangue azul” era o passaporte para o céu? Que ingenuidade, D. Anrique! Fica sabendo que, perante Deus, apenas as ações contam e, a este nível, de pouco te podes orgulhar. Nem a tua família respeitavas! E achavas que a tua esposa se mataria por teres, tão cedo, partido desta vida, deixando-a só. Foi o melhor presente que lhe podias ter alguma vez dado! Perante isso, com alguma tristeza, pergunto-me se alguém te Amou… A resposta que encontro não é agradável. A tua mulher procurava afeto junto de outros, pois só tinhas tempo para a ‘outra’, provavelmente menos merecedora do que ela. É bem provável que ninguém te tenha verdadeiramente amado!
Antes de terminar, ainda te vou dizer mais uma verdade: todos temos direito a uma segunda oportunidade, mas há que mostrar arrependimento… e tu nunca o fizeste, de tal modo era grande a tua cegueira! Conforma-te com o calor infernal do infernal batel. 
E assim me despeço, Fidalgo.
Foi um desprazer conhecer-te! Até nunca mais, poderoso D. Anrique!
Ana Isabel.
nº3 – 9ºC

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