“Conversas sobre
Cristina Torres” foi a atividade escolhida para encerrar as festividades do 25º
aniversário da Escola Sec. de Cristina Torres, que tiveram o seu início em
Novembro do ano transato e terminam hoje, 16 de Maio.
Foi aberta a exposição “Vida e obra de Cristina
Torres”, inaugurada com a voz do aluno João Brás, do 9º ano, que nos brindou com um
hino excelentemente interpretado e que arrancou aplausos de todos os presentes.
Apresentada pelo prof. Fernando Miranda
e pela prof. Clara Martinho, a Dr.ª Irene Vaquinhas, docente na FLUC, foi a
palestrante convidada para falar sobre os Primeiros
30 anos da vida de Cristina Torres. Irene Vaquinhas agradeceu o convite
feito pela escola que lhe deu a oportunidade para dar a conhecer e conhecer
melhor uma mulher muito singular:
Cristina Torres dos Santos veio ao mundo em plena crise finissecular, uma
mulher com origens humildes, oriunda das classes trabalhadores, cujo pai,
Ricardo dos Santos, era alfaiate. Nas palavras de Cristina Torres, o facto de ser tão fraquinha e se recear que pudesse
vir a ser tísica, manteve-a afastada dos ateliers de alfaiataria durante a
sua primeira juventude, tendo ingressado na escola. Aprendeu mais tarde o
ofício de modista e começou a trabalhar tendo, no entanto, continuado a ler e a
cultivar-se como autodidata. Cristina Torres tinha um conhecimento profundo das
fracas condições de trabalho e da exploração existente na época e considerava
que só a instrução poderia permitir à mulher poder reivindicativo e
possibilidades de melhorar no campo profissional. Na sua juventude escrevia uma
coluna no jornal A Redenção, defensor
dos ideias de liberdade, coluna esse intitulada Os deveres e os direitos das mulheres. Escrevia assinando o próprio
nome mas também sob o pseudónimo «Maria República». A 15-9-1905 escreveu: “Porque esperamos? A necessidade da revolução é um facto. É urgente, é inadiável.”
Vive com grande alegria a Implantação da República e é ela que transporta a
bandeira. Em 1910 escreve: “Hoje nada
somos sem instrução”. Fundou a Associação de Instrução Fraternidade
Feminina que se ocupava de instruir as suas associadas. a associação criou em
1913 o jornal «União e Luz», de distribuição gratuita, onde Cristina Torres
escrevia sob o pseudónimo de Célia. Nem tudo foram rosas para Cristina Torres, a
quem chamavam a Cristininha do Ricardo e que na Figueira da Foz foi
apelidada de «feminista», sendo várias vezes admoestada para que não trouxesse essas ideias para a Figueira. No ano letivo de 1915-16 matricula-se na Faculdade
de Letras de Coimbra, onde se licencia em Ciências Históricas e Geográficas em
1920, casando depois com Albano Duque. Irene
Vaquinhas terminou a sua apresentação afirmando que os textos e as iniciativas
que Cristina Torres deixou tornaram-na um símbolo e uma referência modelar.
Seguiu-se a entrega do 21º Prémio
Literário Cristina Torres, pelas professoras responsáveis, do Grupo de
Português, Amélia Ribeira, Clara Nunes e Irene Fontinhas (os alunos premiados
encontram-se publicados neste jornal).
A
exposição, para além de contar com o trabalho da equipa da Biblioteca Escolar,
tem a preciosa colaboração da Biblioteca-Museu Dr. Santos Rocha, que cedeu o
seu espólio sobre a vida e obra de Cristina Torres, espólio esse riquíssimo e raro
que ninguém deve perder a oportunidade de visitar até ao dia 23 de Maio, no
Casino Figueira.
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